Família e escola devem ser unir para combater a obesidade infantil
Por João Fernando Lopes
A falta de espaços públicos livres, a ausência de atividades ligadas a performance, a luta desenfreada em busca do heroísmo no esporte, o comércio fácil de jogos de computadores e também a ingestão de "porcarias", produtos alimentícios industrializados que apenas contribuem para o acúmulo de gorduras, são as principais causas da obesidade infantil, doença crônica que já atinge um terço das crianças brasileiras entre 5 e 9 anos, segundo pesquisa do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2009.
O papel do professor e da escola é importante para reverter esse quadro preocupador, mas a educação básica, o costume de praticar esportes e atividades físicas ao ar livre e bons hábitos alimentares sempre devem começar em casa. Podemos citar aqui alguns agravantes que contribuem para a criança se tornar sedentária e obesa. Por exemplo, há pais que sofreram, eles próprios, decepções em sua juventude ao não obter sucesso nos esportes, e agora também não fazem questão de incentivar seus filhos. Engolidos pelas rotinas da sobrevivência dos grandes centros, outros pais preferem “prender” seus filhos na frente da televisão ou videogame por medidas de segurança: melhor ficar dentro de casa do que ser vítima na rua. Muitas de nossas crianças não conhecem bolinhas de gude, pião e nem mesmo sabem como se constroi uma pipa. O que esperar delas? Crianças esperam apenas estímulos, e é desejável que os pais usem esses conhecimentos para tirar as crianças da frente das “telinhas” e promovam um estilo de vida mais saudável, com a prática de atividades físicas e brincadeiras ao ar livre aliada a bons hábitos alimentares.
E, como educador, defendo a elaboração de um projeto político pedagógico para dar condições às escolas de promover aulas de educação física melhor elaboradas, receber apoio efetivo para desenvolver projetos extra classe e acesso a metodologias que despertem os interesses das crianças. Precisamos estimular os alunos a praticarem atividades físicas agregando valores à sua participação com assuntos de seus interesses ou ainda aproveitar os eventos esportivos de massa como chamariz. Porém, esta abordagem, este incentivo deve obedecer a critérios de participação e inclusão de modo a criar, na criança, o gosto pelas atividades físicas. Também é necessário apresentar novos esportes a essas crianças, e aproveitar utilizar metodologias que respeitem as faixas etárias e seus níveis de aprendizado e desenvolvimento motor.
Também acredito que se fazem necessários esclarecimentos, ainda mais informações do poder da alimentação. Cabe ao professor conseguir aliados para criar projetos e dinâmicas que demonstrem às crianças as diferenças de alimentações, e talvez um bom início seria expor ou até mesmo pesquisar as diferentes culturas alimentares e seus efeitos no organismo do ser humano, tanto regionais, nacionais, como internacionalmente.
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João Fernando Lopes é professor de Educação Física e Especialista em Educação Inclusiva pela Universidade Iguaçu – RJ
Atualmente está Coordenador de Modalidades Esportivas da Secretaria de Esportes da Prefeitura Municipal de Caraguatatuba – SP.
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